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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Heranças


Em função de um mal entendido comecei a refletir sobre as motivações que levam algumas pessoas a se comportarem de maneira deselegante com os amigos. É óbvio que não se trata de generalizar, mas especificamente nesse caso, tudo me leva a crer que a falta da figura feminina na vida de uma mulher pode ser devastadora. Até mesmo pelo tempo de experiência clínica que tive - quando exercia a psicologia -, pude perceber que mulheres criadas no meio de homens - pais e irmãos abrutalhados - também se tornam mais abrutalhadas, rebeldes e agressivas e, com uma certa frequência, incapazes de manter relacionamentos estáveis com ambos os sexos. Assim, com o sexo oposto, a relação tende a ser marcada pela insegurança e, consequentemente, pelo ciúme, ao passo que as relações de amizade com o mesmo sexo parecem se caracterizar pela inveja e, de consequência, pela rivalidade.
Bom, quando alguém se comporta mal comigo, meu primeiro impulso é de esfregar merda na porta da pessoa que me sacaneou .... mas como eu trago em minha história de vida o exemplo e o afeto de grandes figuras femininas -, acabo desistindo da atuação e percebo o quanto as mães são importantes na formação do caráter e da subjetividade humana. Lembrem-se, porém, que estou falando de uma situação muito específica e não quero generalizar, já que toda regra possui exceção.
Nessas duas últimas semanas tenho pensado muito na minha avó e é por isso que postei sua foto. Minha mãe aprendeu com minha avó a ser meiga, doce e paciente, a manter o equilíbrio quando a situação pede tranquilidade - e isso não tem nada a ver com submissão!!! Assim, me sinto privilegiada por ter tido pessoas íntegras como referências em minha vida. Agradeço a pelo menos duas gerações de mulheres que souberam me preparar para a vida.
Espero que os homens não se sintam ofendidos, afinal, esse texto é endereçado. Além do mais, conheço homens que são mais femininos que muitas mulheres e, ao contrário, mulheres que são mais vulgares e descompostas que muitos homens. Na verdade, minha intenção era fazer uma pequena provocação a uma pessoa sem requinte e aproveitar a oportunidade para fazer uma homenagem à minha avó: mulher de um tempo em que a palavra valia mais que qualquer documento e a dignidade e o respeito ainda tinham valor e significado.

4 comentários:

  1. Oi Karina,
    ora aqui está um excelente post e confirmo o que dizes. Independentemente da maior tendência que tenhamos (masculina ou feminina) devemos reger a vida pelo princípio do equilíbrio. Deves dar o murro na mesa quando ele é necessário e deves tratar com diplomacia, quando ela é necessária.
    Ser flexível como uma palmeira e forte como uma montanha, é fruto da experiência da vida.
    Não guardes para ti o que te possa chatear, relativiza mas dá o murro na mesa quando é necessário definir as fronteiras de cada um.
    um grande abraço!

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  2. Pois é Ká, dizem que o ser humano é o reflexo do ambiente em que vive. Quando bem estruturado conseguimos superar muitos obstáculos e para tudo isso, a base são os nossos pais. Para a educação, acho que a pior tarefa compete as mães que é ensinar e preparar um alicerce para um futuro melhor. Concordo plenamente quando vc diz o qto as mães são importantes na formação do caráter e da subjetividade humana. Me emocionei ao ver estampada a foto de minha mãe (sua avó) e é pensando nela que até hj tento controlar os meus ímpetos tentando não errar muito e dar menos murros em pontas de facas ! VIVENDO E APRENDENDO, a vida tbém é uma escola (mãe) que nos vai ensinando paulatinamente.
    Bjs p/ vc e fique c/ Deus.

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  3. Querida Karina, sua mensagem me levou a pensar também nas mulheres da minha vida! É muito interessante sua compreensão das coisas e fiquei feliz por perceber pensamentos tão nobres e maduros nas suas palavras! Na verdade, acho que sua mensagem é uma boa reflexão sobre as implicações transgeracionais na nossa vida! Como as gerações anteriores contribuem para nossa formação, não? E como é bom compreendermos isso! Além de me fazer pensar um pouco sobre minha família de origem e sobre outras tantas figuras que desempenharam (e ainda desempenham) papeis importantes na minha formação, também fiquei pensando em você! Enquanto lia, tentava imaginar a Karina que estava escrevendo... Como será que ela está hoje? Quem será a Karina de hoje? A gente não se fala e não se vê há tanto tempo, não é mesmo? Por isso, só poderia mesmo ficar imaginando... E tive a nítida sensação de que a apropriação de ensinamentos tão nobres como os de sua avó e de sua mãe a transformaram em uma grande mulher!
    Beijo grande e saudades,
    Sandra Eni (Sandrinha)

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  4. Oi prima...aqui e a Lisandra. Fiquei con vontade de chorar quando vi essa foto. Nao sabia q era artist plastica. Vc realment tem muito talento. Eu sempre penso em vc e nas nossas aventuras. Um grande beijo.

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