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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

FODA-SE

Como um dos propósitos desse blog é que ele funcione como válvula de escape - para que eu não mate ninguém nem morra de raiva -, posto esse texto que é fruto de um semestre particularmente estressante, cheio de altos e baixos, com pendências financeiras, morais, afetivas e ginecológicas.
Como meu intuito é somente relaxar um pouco sem, no entanto, ofender ninguém, acrescento que os nomes e fatos citados não passam de mero devaneio, coisas de ficção. Portanto, se a carapuça servir em alguém, trata-se de uma infeliz coincidência.


FODA-SE

Foda-se a Bárbara e suas afetações histéricas, o Miguel com seu temperamento insano, a Clarissa com suas citações extraídas de almanaque.
Foda-se o João, a Carolina, o Edgar, o Gilberto e o Valdez.
Foda-se o Mário, a Marisa e a Inês.
Foda-se o Pedro e suas promessas não cumpridas, o Chico e suas artimanhas monetárias, a Cacilda com suas explicações didascálicas sobre a vida na Terra.
Foda-se o Menelau, o Wenceslau, o Frederico e a Joana.
Foda-se a Fabiana e seus ataques de fúria, a Daniela com sua tensão pré-menstrual generalizada, a Janaína com suas oscilações de humor.
Foda-se a Karina e sua previsível insensatez.
Foda-se a Júlia, a Adriana, a Cristina, a Ludmila, o Leonardo e seu balbucio monossilábico.
Foda-se a Ariana e suas interpretações mediúnicas a respeito das vertigens alheias causadas por pressão baixa.
Foda-se a Debora com sua total falta de noção.
Foda-se o Paulo e suas aparições inesperadas.
Foda-se o Abílio, a Silvia, a Helena, o Antônio e a Piedade com sua cara de Madre Teresa de Calcutá.
Foda-se o Jorge, o Ricardo, o Diogo e suas profecias escatológicas.
Foda-se a Cíntia, o Cristiano, a Marilene, o Vanderlei, a Cida e a Raquel com sua voz de aluguel.
Foda-se a Sueli e suas divagações verborrágicas. Foda-se a Neide, a Cleide, o Douglas, o Adilson e o Zé Luiz.
Foda-se o Humberto com sua postura de homem de escritório, puxa saco do patrão.
Foda-se o Alexandre com seu tom dominical.
Foda-se a Mariângela e suas convicções lacanianas.
Foda-se o Daniel e suas estratégias de sonegação fiscal.
Foda-se o Fernando com cara de galã de filme mudo.
Foda-se a Fernanda com suas muitas caras postiças.
Foda-se a Anita, o José, a Marília e o Dirceu.
Foda-se todo mundo, foda-se o mundo.

sábado, 20 de novembro de 2010

Ossos do ofício






Nem todo mundo tem a profissão que gostaria ou, às vezes, mesmo quando faz aquilo que gosta, nem sempre é remunerado justamente. Foi pensando nas mazelas do mundo do trabalho e na minha vida de artista - sempre com muito trabalho e pouco dinheiro - que me veio a ideia de criar as Caixas de Pandora, uma série de caixas contendo aspectos da vida que talvez fosse mais prudente se as deixássemos fechadas. Como sempre fui muito curiosa, vira e mexe acabo fuçando nessas caixinhas proibidas ou pouco recomendadas. Se algum curioso quiser compartilhá-las comigo, que seja bem-vindo.
Acrescento ainda os seguintes ossos: Faxineiro de cinema pornô, Representante da Herbalife, Atendente da Oi, Bailarina do Faustão, Enfermeiro do SUS, Professor dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, Prostituta, Garoto de Programa, Boia-Fria, Catador e Sindicalista.

Procura-se


Serigrafia sobre tecido

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Texto apresentado para a seleção de exposição na Biblioteca Pública Luiz Bessa

Descrição da proposta
O presente trabalho é constituído por uma mesma imagem impressa inúmeras vezes sobre várias folhas de jornal; minha intenção é apresentar essas imagens lado a lado de modo a dar a ideia de repetição. A escolha do suporte - jornal - aliada ao título - Procura-se - é fundamental para a compreensão da proposta plástica em questão. A meio caminho entre a realidade e a ficção meu objetivo foi o de criar uma ambiguidade que se estabelece a partir da dúvida gerada no espectador, na medida em que o mesmo é colocado diante da imagem de uma criança que lhes é inteiramente anônima. Afinal, quem é esse rosto sem nome que se propõe em uma galeria de arte?
É um trabalho que nasce da imersão no passado através dos caminhos da memória - uma vez que uma foto da própria infância é sempre um lugar a ser revisitado e, se possível, desdobrado - e que se abre para o público na medida em que se oferece não somente enquanto processo de busca por uma identidade individual mas que questiona o lugar da infância na nossa sociedade. Assim, a série Procura-se evoca aspectos da memória da artista sem que, no entanto, tais conteúdos sejam compartilhados com o espectador. Dessa forma, poderia-se dizer que é uma proposta plástica que parte da singularidade da vida da artista para se dissolver nas teias do sistema.
Esse trabalho é uma pequena homenagem que gostaria de fazer a todos aqueles que (des)conheço e que têm ou tiveram uma infância anônima, circundada pelo silêncio e pela indiferença.
Considerações sobre a escolha do suporte
Como minha intenção é trazer à tona questões sobre autoria e anonimato, escolhi o jornal por ser um suporte barato, efêmero, destinado a virar papel de embrulho, a ser jogado fora, enfim, a ser descartado. Na medida em que não é considerado material nobre, me pareceu o mais adequado para abordar tal temática.
Considerações de ordem técnica
Como o ponto de partida para a realização desse trabalho foi a transposição de uma foto de infância para a serigrafia, durante a execução da mesma me ocorreram os seguintes questionamentos: 1) quais as possibilidades de desdobramento de um trabalho? Quantos trabalhos um trabalho contém?
É nesse sentido que venho produzindo na interface da fotografia e da serigrafia. Se penso que outros desdobramentos estão na iminência de acontecer, então essa proposta não é o resultado pleno de um fazer artístico mas algo que se encontra em processo de construção. Portanto, não tenho ainda tal resposta. A priori, penso que um trabalho possa se desdobrar até que se esgote, mas tal limite nunca pode ser estabelecido de antemão. O que existem são projetos ou intenções que, às vezes, mudam de direção.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Procura-se


Serigrafia sobre jornal

Procura-se




Serigrafia sobre jornal

Procura-se




Procura-se



Serigrafia sobre jornal

Procura-se



Serigrafia sobre jornal

quarta-feira, 6 de outubro de 2010



Cau, obrigada pela epifania!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Devaneios



Na última aula de Crítica de Arte a professora fez uma digressão para falar sobre as razões da maturidade literária no Brasil ter se dado com a publicação de Memórias Póstumas de Bras Cubas, de Machado de Assis. Eu, que sempre gostei de escrever e adoro Machado, fiquei pensando no quanto gostaria de fazer uma faculdade de Letras e estudar de maneira aprofundada alguns autores, inclusive algumas preciosidades contemporâneas, como é o caso de Chico Buarque. Esse desejo por descobrir e explorar o universo literário acabou por despertar algumas lembranças que me colocaram em contato comigo mesma.
Se começo a enumerar tudo o que fiz na vida, alguém poderá pensar que sou louca ou que sou rica. Eu acho apenas que meus comandos cerebrais vieram um pouco acelerados. Talvez minha voltagem seja de 330.
Assim, fiz de tudo um pouco, aprendi um pouco de tudo e hoje não sei muito de nada!!!!
Mas não me considero uma negação, muito pelo contrário. Como sempre tive facilidade para ter êxito nas coisas, não desenvolvi uma capacidade que considero fundamental na vida: a persistência.
Assim, passei do crochê ao violão, da capoeira ao artesanato, da psicologia à tradução, da psicanálise à fotografia. Enfim, não consigo concentrar minhas energias em uma coisa só nem amarrada em uma cadeira. E por falar em cadeiras, fico pensando se eu um dia ficasse sobre uma cadeira de rodas, acho que nutriria o sonho de participar das paraolimpíadas só para não ficar parada.
Apesar dos meus 36 anos, espero que eu tenha mais uns setenta anos pela frente, para só depois de ter feito tudo que tenho vontade, poder morrer enrugada como uma uva passa e feliz da vida!!!
Fico feliz em ter encontrado pessoas que vejam nisso mais uma qualidade que um defeito e que convivem comigo como se eu fosse simplesmente diferente.
Na verdade, a inspiração para esse texto nasceu depois que visitei a mãe de uma amiga no hospital. Essa senhora, aos noventa e um anos, faz planos de, assim que voltar para casa, fazer uma lasanha especial para os familiares e amigos a fim de comemorar seu retorno.
Boa recuperação, Dona Geni. Que eu possa ter uma vida longa como a senhora: cheia de encantos e de afetos. Uma vida diferente da maioria.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fragmentos de pensamentos cotidianos


Algumas flores nascem e crescem no meio da merda e mesmo assim exalam um bom perfume.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Heranças


Em função de um mal entendido comecei a refletir sobre as motivações que levam algumas pessoas a se comportarem de maneira deselegante com os amigos. É óbvio que não se trata de generalizar, mas especificamente nesse caso, tudo me leva a crer que a falta da figura feminina na vida de uma mulher pode ser devastadora. Até mesmo pelo tempo de experiência clínica que tive - quando exercia a psicologia -, pude perceber que mulheres criadas no meio de homens - pais e irmãos abrutalhados - também se tornam mais abrutalhadas, rebeldes e agressivas e, com uma certa frequência, incapazes de manter relacionamentos estáveis com ambos os sexos. Assim, com o sexo oposto, a relação tende a ser marcada pela insegurança e, consequentemente, pelo ciúme, ao passo que as relações de amizade com o mesmo sexo parecem se caracterizar pela inveja e, de consequência, pela rivalidade.
Bom, quando alguém se comporta mal comigo, meu primeiro impulso é de esfregar merda na porta da pessoa que me sacaneou .... mas como eu trago em minha história de vida o exemplo e o afeto de grandes figuras femininas -, acabo desistindo da atuação e percebo o quanto as mães são importantes na formação do caráter e da subjetividade humana. Lembrem-se, porém, que estou falando de uma situação muito específica e não quero generalizar, já que toda regra possui exceção.
Nessas duas últimas semanas tenho pensado muito na minha avó e é por isso que postei sua foto. Minha mãe aprendeu com minha avó a ser meiga, doce e paciente, a manter o equilíbrio quando a situação pede tranquilidade - e isso não tem nada a ver com submissão!!! Assim, me sinto privilegiada por ter tido pessoas íntegras como referências em minha vida. Agradeço a pelo menos duas gerações de mulheres que souberam me preparar para a vida.
Espero que os homens não se sintam ofendidos, afinal, esse texto é endereçado. Além do mais, conheço homens que são mais femininos que muitas mulheres e, ao contrário, mulheres que são mais vulgares e descompostas que muitos homens. Na verdade, minha intenção era fazer uma pequena provocação a uma pessoa sem requinte e aproveitar a oportunidade para fazer uma homenagem à minha avó: mulher de um tempo em que a palavra valia mais que qualquer documento e a dignidade e o respeito ainda tinham valor e significado.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Fragmentos cotidianos


Após uma cirurgia me lembrei de uma passagem de Freud que diz algo mais ou menos assim: nada como uma dor de dente para nos fazer esquecer um amor. Acho que ele tinha razão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Wanted



Olá pessoal, passei por aqui só pra falar um oi. Depois de um tempo sem postar nada no blog, alguém pode me dar por morta ou, simplesmente, desaparecida. Estou viva, produzindo bastante, com a cabeça nas nuvens, os pés no chão e com minha câmera digital em fim de vida, devido a uma queda. É difícil abandonar o mundo das imagens e retomar o tempo das palavras, mesmo porque tenho ouvido só besteira e, de tanto ouvir besteira, também não tenho nada a dizer.
Se alguém tiver algo interessante para falar e quiser compartilhar - que não seja do universo das celebridades, das cirurgias plásticas, do Big Brother, do mundo do futebol, do carnaval, das novenas, correntes de prece, independentes do credo religioso, da campanha eleitoral do Serra, ou da despedida do Aécio - podem me mandar um e-mail: karinafminto@yahoo.com
Obrigada e até breve.


P.S. Posto uma imagem antiga que talvez tenha relação com o texto

domingo, 21 de fevereiro de 2010

No oil in Abruzzo - Projeto de Arte Postal DODODADA


Envelope da colagem - parte constituinte do que será exposto na coletiva.


Tradução da frase que aparece sobre a colagem: As manchas do petróleo não saem facilmente
Para maiores detalhes acessar http://www.mauradigiulio.wordpress.com/

Esta colagem existe somente como registro fotográfico uma vez que seu original foi enviado ao projeto italiano DODODADA de Arte Postal. A chamada mais recente do projeto é para uma exposição coletiva como forma de manifestação contra as companhias petrolíferas que querem se instalar no Abruzzo.
Por enquanto é só.
Aos interessados no assunto, sugiro os links relacionados que se encontram sobre o título.
Um abraço, Karina

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Nicarágua 402 (Zona Sul, BH)


pocilga s.f. 1. Instalação destinada a alojar os porcos; chiqueiro. 2. Casa ou lugar imundo, muito sujo.
Fonte: dicionário Larousse ilustrado da Língua Portuguesa.
pocilga s.f. 1. Curral de porcos. 2. Lugar sujo, imundo ou inteiramente desorganizado.
Fonte: dicionário Houaiss.
pocilga s.f. 1. Versão contemporânea do lugar onde moro no qual, a maioria dos vizinhos, apesar de serem portadores de CIC, RG, carteira de motorista, título de eleitor e de terem acesso à internet, tem mais em comum com os povos bárbaros que com os ocidentais pós-iluministas.
Fonte: vivência pessoal e cotidiana.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Aposentadoria

Acho que aposentadoria deveria ser constitucional do ser humano. Me explico: penso que todos nós deveríamos nascer aposentados do mesmo modo que nascemos bípedes. Não concebo o trabalho como uma coisa natural mas como uma necessidade criada a partir de complexas relações sociais e mercadológicas. Particularmente, não acho que o trabalho enobreça o Homem; pelo contrário, o considero aviltante na maioria dos casos. Mas minha intenção não é fazer discurso de cerimônia para a inauguração de ONG ou para alguma espécie de instituição religiosa ou de caridade que preza o enaltecimento do espírito em detrimento dos prazeres da carne. Gostaria de deixar registrado o meu desejo de NÃO participar das relações trabalhistas vigentes no mundo capitalista. Portanto, abro mão do salário, das férias, do décimo terceiro, do fundo de garantia e do seguro desemprego. Só não abro mão da aposentadoria!!!!!!! Acrescento que não sou desempregada porque não estou procurando emprego. Por favor, não me chamem para nenhuma entrevista de trabalho, não mencionem meu Curriculum Vitae nem peçam minha referência para terceiros.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Antologia Visual - exposição realizada em Bebedouro, SP em janeiro de 2010


Título: MaquiaBélico


Título: Ad efemerum

Ad efemerum: aquilo ou o que se desgasta, que sofre ação do tempo, que não dura para sempre, que não é eterno, que morre.


Título: Imprevisões do Tempo



Título: Veneza



Título: Appenzell

Gostaria de agradecer a todos aqueles que tornaram possível a realização da exposição Antologia Visual e, em especial, ao amigo Francisco Bárbaro e sua equipe. Promover um evento requer tempo, dinheiro e principalmente pessoas capazes de trabalharem harmonicamente em conjunto. Apesar da maior parte do trabalho ter sido desenvolvido à distância, foi possível a realização do mesmo.
Aproveito o espaço do blog para reproduzir parcialmente Antologia Visual.



CONSIDERAÇÕES SOBRE MEU TRABALHO FOTOGRÁFICO



As fotografias aqui reunidas são o resultado de uma tentativa de aproximação entre a fotografia e a pintura com o intuito de devolver àquela a possibilidade do exercício de contemplação. Assim, procurei explorar objetos ou coisas que se encontram escondidos no cotidiano, que não se apresentam de maneira fácil e óbvia ao olhar, mas que requerem discernimento do mesmo. Afinal, o que se revela por trás da água, do vidro ou mesmo do espelho? Qual a textura de uma parede que sofreu as intempéries do tempo? Qual a cor da poeira sobra a ferrugem?
Com todos os recursos tecnológicos que temos à disposição, qualquer objeto pode ser capturado através da objetiva. Para que se torne fotografia, porém, é necessário mais que uma câmera: é imprescindível o olhar do artista.
Em Antologia Visual selecionei trabalhos cuja proposta consiste em trazer à tona o caráter contemplativo e ao mesmo tempo experimental da minha produção artística.



CONSIDERAÇÕES SOBRE MINHAS COLAGENS



As colagens aqui reunidas são o resultado do desdobramento de uma pesquisa realizada a partir de alguns conceitos-chave em arte contemporânea como, composição, apropriação e arte conceitual. Alguns questionamentos nortearam esse trabalho, por exemplo, quais os critérios adotados durante a execução de minhas colagens, como criar um trabalho genuinamente pessoal a partir de imagens já existentes e, ainda, qual a função do título dentro da minha proposta de trabalho.
Essa exposição apresenta colagens cujos elementos em comum residem no binômio:
- criação de uma linguagem pessoal a partir de imagens da História da Arte, do cinema, da publicidade, entrelaçadas a recortes de fotografia de minha própria autoria.
- construção de um título que se associe à colagem em uma relação de ambiguidade, ironia ou complementação.

Interessados em ver mais fotos de Karina Minto favor acessar http://www.flickr.com/photos/karinaminto/

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Àrvore Genealógica - apropriações


Essa é uma das poucas fotos da minha mãe quando criança. É engraçada essa sensação de ver a própria mãe pequena. Me dá uma vontade de pegá-la no colo e apertá-la com força. Cresci com a imagem de uma mãe forte, que sempre batalhou na vida e que nunca teve medo de nada, com a imagem de uma mulher serena e tranquila, comedida em seus gestos, com tom de voz doce e manso. Sua calmaria só era rompida - até hoje é assim - pelos acessos de riso descontrolados que tinha frequentemente. Pela foto, imagino que desde criança ela era uma fofura: fita enorme no cabelo, jeitinho tímido que se nota pela posição do corpo: ombros baixos, olhar enviesado, barriga arrebitada devido à posição do pescoço em evidente desejo de esconder o rostinho. Me dá vontade de ser mãe da minha própria mãe para lhe dar tudo o que ela não teve, para poder retribuir tudo o que ela fez - e ainda faz - por mim.


O casamento dos meus padrinhos de batismo.
Eles, além de outras pessoas da família, me proporcionaram uma infância feliz. A madrinha Dota era - e ainda é - um mar de paciência e o padrinho Darcy me levava pra passear em seu fusca azul. Sentada no banco de trás, eu via a vida passar em movimento. A narrativa para meu cinema particular, eu mesma criava.


Meu pai, meu herói. Quando era pequena me sentia protegida quando ele estava por perto. Essa é uma das poucas fotos em que está sem barba. Devo a ele o desapego às coisas materiais, o desejo de rebelião, o não cumprimento das obrigações, a informalidade e o gosto por viagens.


Aos seis anos aproximadamente.
Nessa época, eu já sabia qual era a diferença entre os sexos mas, era tão ingênua que não sabia ao certo para que servia. Me lembro, porém, que meu primeiro paquera na escola se chamava Toninho. Não casualmente tinha o mesmo nome do meu pai. Eu estava atravessando o Édipo e não sabia.


Aos dois. Nessa fase me encontrava em plena fase oral. A carinha de boa menina era só pose para foto. Fora dela, eu atacava todo mundo com os dentes e .... como era gostoso morder.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Eu tinha quatro anos quando a Dani nasceu e fui eu que escolhi seu nome.


Geralmente são os pais que escolhem o nome dos filhos mas, nesse caso, o nome era tão lindo e eu estava tão decidida que minha irmã não teve outra escolha a não ser a de se chamar Daniela.


Quando minha irmã nasceu comecei a me interessar por bonecas.




Cresci me sentindo uma estrela.

Minha mãe, meu pai, minha vida


Durante essas férias me ocupei das fotos antigas. Fiz uma seleção e fotografei as que mais gosto. Claro que foi uma sessão nostalgia! Às vezes digo que sinto saudades do que não vivi. Acho que é porque a história de cada um começa antes de nós mesmos. A minha, aproximadamente, começa com a união dos meus pais ... e se meu pai tivesse morrido naquele acidente de carro quando ainda era noivo da minha mãe, eu não teria nascido. Deve ser por isso que sou tão apegada à vida.