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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Devaneios



Na última aula de Crítica de Arte a professora fez uma digressão para falar sobre as razões da maturidade literária no Brasil ter se dado com a publicação de Memórias Póstumas de Bras Cubas, de Machado de Assis. Eu, que sempre gostei de escrever e adoro Machado, fiquei pensando no quanto gostaria de fazer uma faculdade de Letras e estudar de maneira aprofundada alguns autores, inclusive algumas preciosidades contemporâneas, como é o caso de Chico Buarque. Esse desejo por descobrir e explorar o universo literário acabou por despertar algumas lembranças que me colocaram em contato comigo mesma.
Se começo a enumerar tudo o que fiz na vida, alguém poderá pensar que sou louca ou que sou rica. Eu acho apenas que meus comandos cerebrais vieram um pouco acelerados. Talvez minha voltagem seja de 330.
Assim, fiz de tudo um pouco, aprendi um pouco de tudo e hoje não sei muito de nada!!!!
Mas não me considero uma negação, muito pelo contrário. Como sempre tive facilidade para ter êxito nas coisas, não desenvolvi uma capacidade que considero fundamental na vida: a persistência.
Assim, passei do crochê ao violão, da capoeira ao artesanato, da psicologia à tradução, da psicanálise à fotografia. Enfim, não consigo concentrar minhas energias em uma coisa só nem amarrada em uma cadeira. E por falar em cadeiras, fico pensando se eu um dia ficasse sobre uma cadeira de rodas, acho que nutriria o sonho de participar das paraolimpíadas só para não ficar parada.
Apesar dos meus 36 anos, espero que eu tenha mais uns setenta anos pela frente, para só depois de ter feito tudo que tenho vontade, poder morrer enrugada como uma uva passa e feliz da vida!!!
Fico feliz em ter encontrado pessoas que vejam nisso mais uma qualidade que um defeito e que convivem comigo como se eu fosse simplesmente diferente.
Na verdade, a inspiração para esse texto nasceu depois que visitei a mãe de uma amiga no hospital. Essa senhora, aos noventa e um anos, faz planos de, assim que voltar para casa, fazer uma lasanha especial para os familiares e amigos a fim de comemorar seu retorno.
Boa recuperação, Dona Geni. Que eu possa ter uma vida longa como a senhora: cheia de encantos e de afetos. Uma vida diferente da maioria.

Um comentário:

  1. Lindo Ká, admiro tudo o que vc escreve, vc relata o que sente com tanta clareza e naturalidade, que consigo me envolver e concentrar em tudo que escreve. Parabéns e acredito que venha a viver muito, o mesmo que a Dona Geni, ou até mais, sem ser uma uva passa, pois hj em dia com tantos produtos bons, não tem o que um bom cosmético não resolva, hehehe, bjs.

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