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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Novena do Descarrego

Mando à merda todos aqueles que falam pela boca, nariz e cotovelos sem saber o que fazer com os buracos dos ouvidos.
Mando à merda aqueles que me interpretam ou concluem minhas frases antes que eu as termine.
Mando à merda os pseudo alternativos com suas roupas de grife compradas em shoppings.
Mando à merda todos os que se alimentam de notícias sem questionar a fonte das informações.
Aproveito para mandar à merda todos os que consomem o jornalismo tendencioso da Veja, da Folha de São Paulo, do Estado de Minas, da Rede Globo e de tantos outros jornais nacionais e que se julgam bem informados.
Mando à merda quem coloca música alta sem se perguntar se alguém pode se incomodar com o barulho ou não.
Mando à merda, mando à merda, mando à merda e mando à merda.
Mando à merda todos os que querem, quiseram ou ainda vão querer me catequizar com seus pontos de vista ofuscados pelo engodo do capitalismo, do neoliberalismo, do hinduismo, do vegetarianismo, do zen-budismo, do feng-shui ou de qualquer outra crença, prática, parceria ou associação.
Mando à merda todos aqueles que adoram a expressão "agregar valor".
Mando à merda todos aqueles que fumam em salas fechadas durante as reuniões de trabalho e que me obrigam ou obrigaram a respirar a nicotina deles.
Mando à merda TODOS aqueles que acham que podem emitir opiniões, mesmo quando não foram solicitados para tal.
Mando à merda todos aqueles cuja única viagem curta ao exterior os torna profundos conhecedores da cultura do país em questão.
Mando à merda todos aqueles que se calam diante de uma injustiça, infração ou crime, em função de um interesse mesquinho e pessoal.
Mando à merda todos aqueles que, convictos da própria opinião, olham com desdém o saber alheio.
Mando à merda todos os tipos de fanáticos: desde os que brigam por religião, psicanálise, futebol ou política.
Se alguma dessas frases pareceu ter sido escrita para você, mando à merda você também.
Em nome da minha saúde mental, do bom funcionamento dos meus rins e da minha boa pressão arterial.
Amém!

6 comentários:

  1. Eu ate ia comentar o texto, mas fiquei com medo que me mandasse a merda....heheheheh
    Leo

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  2. Oi Leo!!!! Podia ter comentado numa boa. O que vale é o descarrego ... teu ou meu, não importa rsrsrssrsrsr

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  3. Na verdade Karina, lendo o seu texto eu chego a uma só conclusão (além de compartilhar com sua indignação): NÓS ESTAMOS FICANDO VELHOS!!
    Sim, porque enquanto se é jovem, essas coisas não nos abalam, nós vivemos à merce disso tudo que você escreveu sem que isso nos atinja ou mude nossa forma de viver, pelo contrário, até pactuamos com algumas dessas posturas tão duramente criticadas. No entanto, a partir do momento em que paramos pra pensar que essa sociedade é o que é, passa a existir esse conflito existencial e isso só aconetece de agora em diante, quando nossos cabelos brancos começam a ficar brancos. Portanto, não sei dizer se é boa ou ruim essa análise crítica, até porque pouco se pode fazer pra mudar a realidade que nos assola, a não ser fazer a nossa parte. Leo

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  4. Oi Leo! Eu vejo o lado positivo da maturidade. Quando penso na distância que existe entre o passado e o presente ou entre o que sou e o que fui, percebo mais ganhos que perdas ... não só de cabelos brancos rsrssr.
    De qualquer forma, desde que me entendo por gente, sempre fiz questão das minhas pequenas rebeldias cotidianas. Acho que o mundo circundante me aflige desde sempre. Talvez, nesse sentido, eu já tenha nascido um pouco velha. Minha primeira rebelião foi logo que aprendi a falar. Minha mãe me conta que, por volta dos três ou quatro anos de idade, eu me coloquei na frente de um quadro de Jesus que ficava pendurado na casa da minha avó e que comecei a lançar-lhe impropérios. Obviamente, os poucos que eu conhecia naquela época.
    Com a chegada da maturidade, ao invés de me lançar em uma discussão desenfreada com uma pessoa que me irrita, eu escrevo um texto ou crio uma imagem. Acho que ser artista é um pouco isso: a gente transforma os estímulos que chegam até nós e damos uma outra cara pra eles.

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  5. Nenhuma dessas frases pareceu ser escrita para mim, mas confesso que o final teve muito a haver comigo. Não foi nem em nome da minha saúde mental, mas sim em nome da minha pressão arterial, ela subiu !!!. O que acontece ? Tbém senti a terra tremer no bairro SION,porém um "ANO NOVO" se aproxima e faço votos que td mude p/ melhor, não é pecado sonhar, bjs, te adoro.

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  6. Ká,
    Minas tá te minando as forças!!! Menina, venha para cá, pare de se aborrecer, não gosto de te ver assim!!!
    te adoro,

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